terça-feira, 17 de março de 2009

97 sinistrados na costa em 2008


Pescadores lúdicos representam um quarto das vítimas. Câmaras municipais lançam acções de sensibilização.

No ano passado, 97 pessoas sofreram acidentes na zona costeira: 25 morreram e quatro foram dadas como desaparecidas. Um quarto das vítimas praticava pesca à linha (25), o que levou algumas autarquias a lançarem acções de sensibilização.
A área sob administração da capitania do porto de Cascais foi a que registou o maior número de vítimas (14), logo seguida da de Lisboa (12) e da de Setúbal (11), de acordo com os dados fornecidos, ao JN, pela Autoridade Nacional Marítima. Grande parte dos acidentes - 47 - ficou a dever-se a quedas a partir de terra. Em alguns casos, a vítima foi arrastada por ondas maiores do que o previsto ou escorregou.
Foi o caso de um pescador desportivo, de 42 anos, que morreu em Junho do ano passado, nas Berlengas (concelho de Peniche), depois de ter escorregado das escarpas. Já em Janeiro, um outro pescador, de 47 anos, tinha ficado ferido, depois de ter sido arrastado por uma onda e de ter caído de uma altura de 10 metros, na Carrapateira, concelho de Aljezur.
Nos vários diplomas legais sobre a actividade, não há qualquer referência a medidas de segurança que devam ser adoptadas pelos pescadores desportivos. Existe apenas o Código de Comportamento do Pescador Desportivo, editado pelo Ministério daAgricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, que apela ao pescador para que "respeite escrupulosamente as regras de segurança inerentes ao exercício da pesca", sem especificar quais são.
Várias fontes ligadas ao sector, contactadas pelo JN, referem que as medidas de segurança a tomar "são as do bom senso" e "ficam muito à consciência de cada um".
António Sandiares, presidente da Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, afirma que os acidentes acontecem mais "quanto maior for a confiança do pescador nele próprio" e em zonas "rochosas e de muito peixe", como as costas alentejana e algarvia.
No site da EFSA Portugal (European Federation of Sea Anglers), é possível encontrar recomendações. Usar calçado adequado às condições de terreno, conhecer bem a zona onde se pesca, verificar o local por onde é possível fugir em caso de uma subida repentina de maré e não pescar sozinho são apenas algumas.
Atentas ao problema, 16 câmaras municipais algarvias, em conjunto com o Governo Civil de Faro e o Turismo de Portugal, entre outras entidades, lançaram, em Fevereiro, uma campanha intitulada "Vou ali pescar e já volto para jantar". Através da distribuição de folhetos nos locais mais procurados por pescadores, recordam algumas regras do Código de Comportamento e apelam para que a pesca seja feita "só no sítio certo".
A questão, muitas vezes, passa pela definição de "sítio certo". No ano passado, o INAG (Instituto da Água) aconselhou a Câmara Municipal da Nazaré a retirar a escada do promontório, que dá acesso à base da falésia, mas a Autarquia considerou "que essa medida era excessiva". "A zona é muito frequentada por pescadores desportivos que, dessa forma, recorrerão a meios menos seguros para levar a efeito a sua actividade", argumentou a Autarquia.
INAG e autarquias queixam-se de que, muitas vezes, a sinalização em zonas de perigo é desrespeitada ou mesmo vandalizada.


Fonte: Fátima Mariano (Jornal de Notícias).


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